quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

1° Encontro Nacional de Juventudes da Recid


Por  Jefferson Acevedo*



“Eu vou à luta com essa juventude 
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e contrói
A manhã  desejada... (Gonzaguinha)



          Hoje iniciou-se o 1° Encontro Nacional de Juventudes da RECID, CIMI (Conselho indianista missionário) Luziânia/GO e continuará até domingo dia 03/02. Contamos com a presença de quatro jovens de cada estado, onde debaterão a tematica “ Juventudes construindo a manhã desejada”, onde acrescenta-se varios temas, como o extermínio da Juventude, a educação, as minorias sociais, negros/as, LGBTTs e mulheres, campanha contra a redução da maioridade penal, Passe Livre, Estatuto da Juventude, Direito ao território e ao trabalho dentre outros. Sendo esse o primeiro encontro com o objetivo principal de fortalecer as organizações populares das juventudes Brasil a fora, em um processo ensino/apredinzagem e troca de experiências.


    A abertura do Encontro contou com uma mesa redonda com representantes do Governo: Secretaria-Geral da Presidência(SNAS/SNJ), Secretaria de Direitos Humanos e Sociedade Civil: Pastorais, Levante, Via Campesina, LGBT, Marcha Mundial das Mulheres, Movimento Negro e indígena, UNE e Conselho Nacional da Juventude. Na oportunidade o encontro também homenagea os Lutadoras/es que inspiram as juventudes como; Dandara, Carlos Marighella, Olga Benário, Frei Tito, Edson Luís e Aurora Maria.


            Até o presente momento o encontro está cheio de expectátivas, animação e mística de vivência como é de práxe da RECID, contamos com a presenças de vários movimentos sociais que trabalham com as juventudes nos estados, dessa forma pretende-se enriqueser o debate da melhor maneira possível. Goiás participa ativamente e qualitativamente da atividade e prentende levar proposta para um trabalho premanete com as juventudes goianas, enviando representantes da Pastoral da Juventude Rural, Casa da Juventude, Movimento Estudantil, Educação Popular e Coletivo Jovem do Meio Ambiente.
A programação e o caderno do participante podem ser baixados, no sítio da Recid nacional http://www.recid.org.br/component/k2/item/971-programa%C3%A7%C3%A3o-do-1o-encontro-nacional-de-juventudes-da-recid.html
 Logo teremos mais informações de como anda o 1° Encontro de Juventudes da RECID...



*Jefferson Acevedo – Presidente do DCE/UEG e Educador Popular Recid-GO.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

PROGRAMAÇÃO DO ENCONTRO NACIONAL DE JUVENTUDES DA RECID



Acesse no link: http://www.recid.org.br/component/k2/item/971-programa%C3%A7%C3%A3o-do-1o-encontro-nacional-de-juventudes-da-recid.html

CONVITE: REUNIÃO COMITÊ GOIANO CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE


Dia 30 de Janeiro, 19hs no Centro Cultural Eldorado dos Carajás na rua 83 Setor Sul, TEM REUNIÃO DO COMITÊ GOIANO CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE é importante a   participação de tod@s.

Precisamos buscando formas de fortalecer essa discussão política.

Cada um de nós podemos convidar outras pessoas que se interessa pela luta.

Veja só o Sindsaúde esteve na reunião da frente contra a privatização no Rio la a discussão mais forte é sobre os Hospitais Universitários .

Fomos também em uma reunião em São Paulo onde o tema é mais relacionado a mudança da Lei, isso foi muito importante para Goiás, vamos lutando, fortalecendo a discussão.
Vamos conversando
 
Ivanilde V. Batista
(62) 9636 9779
Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!
 

Boate Kiss! o Beijo da morte fere a vida frente ao lucro!


*Por Fabio Fiazzon

EM 2004 mais de 311 pessoas morreram no Paraguai durante incêndio em supermercado. Na época, ficou a indignação frente a atitude dos seguranças que seguiram a risca a maldita ordem dos donos para fecharem as portas para que as pessoas não saqueassem o estabelecimento.

Passado quase nove anos, temos mais de duzentos mortos em uma boate no Brasil de modo semelhante, isto é, fogo, ordem dos donos para fecharem as portas para as pessoas pagarem sua contas e seguranças que seguem a maldita ordem a risca.
"Segundo testemunhas, muitas pessoas não conseguiram sair pois os seguranças da boate fecharam as saídas para que as pessoas não saíssem sem pagar, trancando todos dentro."

O que chama a atenção nos dois casos é o valor que a mercadoria e o lucro tem frente a vida. Isso escancara para nós a crise humanitária que nossa geração vive. É preciso inverter essa mentalidade que por hora povoa nossos subconscientes.

Sinto dificuldade em aceitar esses casos como tragédia, pois ocorreram ordens para que as portas fossem fechadas e não teve ordem para abrir as mesmas portas. O que temos, são homicídios, pois as ordens vieram de pessoas que só tem o lucro como valor e não a vida.

Essa mentalidade de preferir matar frente a um possível prejuízo, é antigo, basta lembrarmos o ano de 1857, quando operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque ousaram entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica e incineradas, cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Qual a mentalidade do donos donos do capital naquele momento, queima-se as máquinas, o estoque, os documentos e as mulheres, isso para ficar de exemplo para que outras mulheres não ousem reivindicar direitos.

Enquanto o lucro estiver acima de tudo, nos confrontaremos com o Kiss da morte que vem com o fogo que apaga a vida, que vira cinza e o vento dispersa o pó que outrora foi vida, até outro fogo venha e portas sejam fechadas!

*Fabio Fiazzon é Assessor Parlamentar e militante de Direitos Humanos.

Promovendo Educação, Você pode participar!!!!


Educação exige os maiores cuidados porque influi sobre toda a vida” Lucius Annaeus.

Colégio Estadual Professora Ricarda está desenvolvendo um Projeto “Educando para Liberdade” com a 1ª e 2ª Etapa do Ensino Fundamental na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos na Unidade Prisional do Município de Campos Belos – Go desde agosto de 2012, tendo em vista a necessidade de se refletir sobre a importância que pode vir a ter para a reintegração social das pessoas atendidas neste projeto. Estamos com duas turmas com aproximadamente 39 reeducando. Na oportunidade, estamos solicitando ajuda com material didático (cadernos, lápis, canetas, borrachas, papel A4, papel pardo, cartolina, cola, bastão de cola quente, EVA, Uniforme, armário, mesa do professor, quadro branco, pinceis, Livros Literários, entre outros) para os reeducandos deste projeto. Agradecemos a todos e todas pela contribuição, estamos fazendo nossa parte na perspectiva de um mundo melhor sem qualquer tipo de violência.

CONTATO:
e-mail: josivaldopjrb@gmail.com

(62) 99619016 - Diretor do Projeto Josivaldo

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Reunião Ampliada RECID - DFE


  • Queridas/os compas,


    Feliz 2013 para todas e todos, muito ânimo e força na caminhada.


    A Recid DF e Entorno convida todas/os para a nossa PRIMEIRA REUNIÃO AMPLIADA DO ANO. Será no dia 26 de janeiro, das 8hs às 18hs, no local a confirmar até sábado dia 19/01.

    Temos como pontos principais as seguintes questões: Realizar uma avaliação dos processos da RECID tirada no ultimo planejamento em abril de 2012, tais como - educadores/as contratados/as e voluntários, participação e envolvimento dos coletivos, gestão compartilhada, pedagógico, articulação política, entre outros. Outros pontos são os informes sobre o novo convênio e o processo de seleção, por fim agendamento do nosso encontro de planejamento para o próximo convênio e informes gerais.

    Logo estaremos encaminhando uma carta convite com a programação e local definido. Pedimos que se organizem para participar, bem como buscar em seus coletivos fazer uma avaliação prévia sobre o olhar que se tem sobre a RECID. Teremos o nosso café da manhã comunitário, então se organizem para levar algo para partilhar. O almoço é por conta da RECID DFE.


    Participe!


    Forte e fraterno abraço,


    Jacqueline Chaves
    (pela equipe de coordenação)

    *********************
    Programação do encontro – 1ª reunião ampliada da RECID em 2013.
    8hs – Chegada/ acolhida/ café
    8:30 – Mística
    9hs – Breve apresentação da RECID e do ultimo planejamento
    9:40hs – Prestação de contas do ultimo convênio
    10:40hs - Avaliação por grupo
    11:40 – Partilha/ diálogo sobre a avaliação
    12: 40hs - almoço
    14hs – escolha da equipe de seleção (proposta da RECID/DFE e ponderações dos grupos).
    14:30 – debate aberto por inscrição.
    15:30hs – data e propostas para o encontro de planejamento.
    16hs – informes
    16:30hs – mística final

    Participe, vai ser uma alegria sua presença! 
    Atenciosamente,

    Rede de Educação Cidadã – DF e Entorno
    Endereço: SDS, Ed. Miguel Badya, Bloco L, Sala 113 – Brasília/DF
    Telefone: 82589657/92621481/82007936

Apreensão no campo - Artigo de Dom Tomás Balduino


*Por Dom Tomás Balduino
O caso acima não é isolado. O governador Siqueira Campos decretou de "utilidade pública", em 1996, uma área de 105 mil hectares em Campos Lindos. Logo em 1999, uns fazendeiros foram aí contemplados com áreas de 1,2 mil hectares, por R$ 8 o hectare. A lista dos felizardos fora preparada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins, presidida por Kátia Abreu (PSD-TO), então deputada federal pelo ex-PFL.
O irmão dela Luiz Alfredo Abreu conseguiu uma área do mesmo tamanho. Emiliano Botelho, presidente da Companhia de Promoção Agrícola, ficou com 1,7 mil hectares. Juarez não foi o único injustiçado. Do outro lado da cerca, ficaram várias famílias expulsas das terras por elas ocupadas e trabalhadas havia 40 anos. Uma descarada grilagem!
Campos Lindos, antes realmente lindos, viraram uma triste monocultura de soja, com total destruição do cerrado para o enriquecimento de uma pequena minoria. No Mapa da Pobreza e Desigualdade divulgado em 2007, o município apareceu como o mais pobre do país. Segundo o IBGE, 84% da população viviam na pobreza, dos quais 62,4% em estado de indigência.
Outro irmão da senadora Kátia Abreu, André Luiz Abreu, teve sua empresa envolvida na exploração de trabalho escravo. A Superintendência Regional de Trabalho e Emprego do Tocantins libertou, em áreas de eucaliptais e carvoarias de propriedade dele, 56 pessoas vivendo em condições degradantes, no trabalho exaustivo e na servidão por dívida.
Com os povos indígenas do Brasil, Kátia Abreu, senadora pelo Estado do Tocantins e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), tem tido uma raivosa e nefasta atuação.
Com efeito, ela vem agindo junto ao governo federal para garantir que as condicionantes impostas pelo Supremo no julgamento da demarcação da área indígena Raposa Serra do Sol sejam estendidas, de qualquer forma, aos demais procedimentos demarcatórios.
Com a bancada ruralista, ela pressionou a Advocacia-Geral da União (AGU), especialmente o ministro Luís Inácio Adams. Prova disso foi a audiência na AGU, em novembro de 2011, na qual entregou, ao lado do senador Waldemir Moka (PMDB-MS), documento propondo a criação de norma sobre a demarcação de terras indígenas em todo o país.
O ministro Luís Adams se deixou levar e assinou a desastrosa portaria nº 303, de 16/7/12. Kátia Abreu, ao tomar conhecimento desse ato, desabafou exultante: "Com a nova portaria, o ministro Luís Adams mostrou sensibilidade e elevou o campo brasileiro a um novo patamar de segurança jurídica".
Até mesmo com relação à terra de posse imemorial do povo xavante de Marãiwatsèdè, ao norte do Mato Grosso, que ganhou em todas as instâncias do Judiciário o reconhecimento de que são terras indígenas, Kátia Abreu assinou nota, como presidente da CNA, xingando os índios de "invasores".
Concluindo, as lideranças camponesas e indígenas estão muito apreensivas com o estranho poder econômico, político, classista, concentracionista e cruel detido por essa mulher que, segundo dizem, está para ser ministra de Dilma Rousseff. E se perguntam: "Não é isso o Poder do Mal?" No Evangelho, Jesus ensinou aos discípulos a enfrentar o Poder do Mal, recomendando-lhes: "Esta espécie de Poder só se enfrenta pela oração e pelo jejum" (Cf. Mt 17,21).
-
PAULO BALDUINO DE SOUSA DÉCIO, o dom Tomás Balduino, 90, mestre em teologia, é bispo emérito da cidade de Goiás e conselheiro permanente da Comissão Pastoral da Terra

O Mundo Segundo a MONSANTO Legendado

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Encontro Nacional das Mulheres Camponesas


ESCOLA NACIONAL DA PJR

Do blog: http://lutapopular-socialismo.blogspot.com.br/

*Por Josivaldo Moreira


A PJR - Pastoral da Juventude Rural realiza nos dia 11 a 18 de janeiro de 2013 na Escola Família Agrícola Barra de São Francisco no Estado do Espirito Santo a primeira etapa da Escola Nacional de Formação de Liderança da Juventude Camponesa. Vários Estados participaram totalizando em 50 jovens, onde se colocaram a disposição para o estudo potencializando as suas bases. A formação da PJR é continuada e o foco principal da sua ação, pois ela entende que esta formação fortalece e garante a identidade camponesa, contribuindo nas diversas dimensões da vida da juventude e de suas famílias. A sua ação está a serviço de aprofundar a identidade enquanto pessoa, Jovem Camponês, buscando formas de sobrevivência e permanência da juventude camponesa na terra, vida em comunidade, celebrando a Mãe Terra que gera a vida.
A formação vai para além de uma formação Pastoral e do ser pessoa. Preocupando-se em uma além de uma formação integral também uma mais técnica na perspectiva da Produção Alternativa, buscando meios de implantação de pequenos projetos, para que os jovens possam desenvolver ações de sustentabilidade nas suas pequenas propriedades junto com suas famílias, sem ter que abandonar suas terras, na maioria das vezes à procura de empregos nas cidades. Neste sentido a PJR se organiza em Grupos de Produção e Resistência como forma de produzir agroecologicamente sem degradar o meio ambiente e gerar renda.
Após a escola, nos dias 19 e 20 de janeiro do ano em curso, a Coordenação Nacional da PJR se reuniu para dá encaminhamento ao III Congresso Nacional da Juventude Camponesa entre outras questões interna a pastoral. Portanto, a Pastoral da Juventude Rural continua firme no seu jeito simples de ser e de se organir, mas, que tem uma grande contribuição no serviço pastoral da Igreja Católica e na sociedade em geral.
PARABÉNS PJR PELO IMPORTANTE TRABALHOPRESTADO A JUVENTUDE CAMPONESA DO NOSSO BRASIL!!!!
*Josivaldo Moreira é assessor nacional da PJR
 

A experiencia de luta do movimento camponês da Andaluzia, Espanha.



O Vídeo de 26 minutos, mostra a experiencia de luta do movimento camponês da  Andaluzia,  Espanha.
 
Em que 2.200 habitantes organizarem trés ocupações d e terra no passado, ATÉ CONQUISTARAM 1.300 ha, e  depois organizaram cooperativa de produção e agroindústria  escolas, ciranda infantil.  E vivem todos no povoado que virou município de  MARINALEDA.
 
E o prefeito é um deles, e virou líder da esquerda.
E mostra outros avanços, que fizeram na prefeitura, na construção de moradias, e também um canal de televisão comunitária.
 
Todos tem casa, todos tem emprego.
Não percam!  Um belo exemplo de como construir na pratica uma sociedade igualitária, com hegemonia dos trabalhadores!
 
vídeo foi feito pela   tv de portugal ,  no programa  GRANDE REPORTAGEM.

REFORMA POLITICA JÁ: Assine e compartilhe o abaixo assinado de iniciativa popular!

Camaradas,

Assinem e compartilhe o abaixo-assinado a exemplo do  Ficha limpa por uma reforma  politica já. Para conhecer a proposta e assinar, acesse: www.reformapolitica.org.br

Assine e compartilhe.

Secretaria de Comunicação da RECID-GO




Suburbano`S prévia da nova Música ''Sempre em Frente''

NOTA DE PESAR PELA MORTE DE JOÃO ZINCLAR



Quando a arte e a militância se encontram


João foi um grande militante. Ético com os princípios da luta e com os companheiros e companheiras. Mas mais do que isso, João era um artista. Um grande artista, que ilustrou a luta do povo do campo e da cidade através de suas fotografias.
Com uma habilidade e um olhar primorosos, João captava o sentimento dos trabalhadores, trabalhadoras, quilombolas, indígenas, militantes de todo o país, e de várias partes do mundo. Suas fotos há anos ilustram o relatório anual daComissão Pastoral da Terra (CPT), Conflitos no Campo Brasil, que denuncia a cada ano os conflitos e a violência empreendida contra o povo do campo. João se somava a essa tarefa, ao ilustrar bravamente esses conflitos, e de fazê-lo de uma forma bela e forte ao mesmo tempo. Jamais perdeu a ternura ao retratar seus personagens. Ao fotografar o III Congresso Nacional da CPT, realizado em Minas Gerais em 2010, ele se encantou por uma senhora, quilombola do interior mineiro. Ele dizia que ela falava com simplicidade, mas com uma força de anos de história que a acompanhavam. Ele fez tantas fotos dela, que ela mesmo chegou a se declarar envergonhada.
João era assim, vivenciava as suas fotos. Ele nos deixa de forma prematura, mas temos a certeza que cumpriu um grande papel na luta dos trabalhadores e trabalhadoras desse país. Sua luta não foi e não será em vão. Que levemos sempre conosco a sua inspiração e exemplo. Vá em paz amigo e companheiro. A CPT clama que sua família e amigos sejam reconfortados com a paz de nosso Pai e com a luz do povo que sempre esteve próximo ao João.
Goiânia, 19 de janeiro de 2013.

Coordenação Nacional da CPT

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

“Não podemos aceitar, sem indignação, tanta desigualdade social como há no Brasil”

Quem diz isso é Frei Betto, escritor, teólogo, educador, escolhido por um júri internacional para receber o prêmio José Martí de 2013, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). “Frei Betto foi escolhido por sua oposição a todas as formas de discriminação, injustiça e exclusão e por sua promoção da cultura de paz e dos direitos humanos”, explicou a organização. O prêmio será entregue no dia 30 de janeiro, em Havana, na Terceira Conferência Internacional pelo Equilíbrio Mundial, que marca o 160° aniversário do combatente da independência cubana e poeta da libertação latino-americana, José Martí.

Nesta entrevista ao Portal Minas Livre, Frei Betto, autor de mais 50 livros de diversos temas, mineiro de Belo Horizonte, fala sobre Igreja, comunicação, as lutas e desafios do continente.


Portal Minas Livre: Qual a importância de um prêmio como o da Unesco, que resgata o pensamento de José Martí e valoriza pessoas que seguem seu legado? Como é para o senhor recebê-lo neste ano?
Frei Betto: O mérito é de todos que lutamos por justiça, paz e direitos humanos na América Latina. Sou apenas um pequeno grão de imensa praia que converge rumo ao futuro melhor de nosso continente.

ML: O senhor conheceu de perto diversas experiências de construção do socialismo, e atuou ativamente em um momento de ascenso da luta popular. Qual perspectiva o senhor vê hoje para retomar essa mobilização engajada? Há no horizonte da América Latina a possibilidade do socialismo?
FB: O horizonte de toda pessoa generosa e altruísta tem que ser o de uma humanidade constituída em uma só família, sem preconceitos e discriminações, sem desigualdade e injustiças. Se isso vai chamar socialismo ou outro ismo, não me importa. Importa que não podemos aceitar, sem indignação, tanta desigualdade social como há no Brasil e no mundo. O engajamento dos jovens nesse processo é fundamental. Não conheço nenhum revolucionário que tenha iniciado sua luta após os 30 anos. E estou convencido: quando mais utopia, menos drogas; quanto menos utopia, mais drogas. O que não dá é viver sem sonhos...

ML: Como intelectual, assessor e militante, na sua opinião quais seriam as principais lutas que as forças progressistas desse país deveriam centrar seus esforços e se unir em torno delas?
FB: A principal é a reforma agrária. Seguida da educação e da saúde. O Brasil não terá futuro sem mexer na sua estrutura fundiária e sem promover uma verdadeira revolução na educação e na saúde.

ML: A partir de sua experiência no primeiro governo Lula e de suas observações desde então, como o senhor vê o recente estudo da Cebrap que conclui que houve redução na miséria no Brasil, mas ainda somos um dos países mais desiguais do mundo?
FB: É um fato. É a chamada Belíndia - o Brasil é um misto de Bélgica e Índia. Sem educação e melhor qualificação de nossa mão de obra não conseguiremos reduzir essa desigualdade gritante.

ML: O senhor é articulista de alguns jornais da imprensa comercial, mantendo uma postura crítica nesses espaços. Como vê hoje a atuação da mídia na construção de um projeto de sociedade? Qual o papel da imprensa popular nessa disputa?
FB: A imprensa popular tem que criar e alargar seu nicho, sem querer disputar com os grandes meios. E todos nós devemos pressionar o governo para que concessões de rádio e TV também sejam dadas a movimentos sociais, sindicatos, ONGs etc e não aos mesmos caciques de sempre.

ML: Como o senhor vê a postura da Igreja hoje em relação aos problemas fundamentais do Brasil e da América Latina? A Igreja é mais reacionária hoje do que era há 30 anos?
FB: Há uma vaticanização da Igreja Católica no Brasil, no refluxo em sua atuação social. Infelizmente ela deixou de ser a voz dos que não têm, voz nem vez. No entanto, as comunidades eclesiais de base, as pastorais populares e a teologia da libertação continuam ativas.

ML: Houve uma dificuldade de aceitação da Igreja com a revolução cubana e com Fidel Castro. Na ocasião, seu livro “Fidel e a religião” alcançou grande repercussão em Cuba, no Brasil e no mundo, e contribuiu para esse diálogo. Estamos enxergando nesse momento um confronto parecido na Venezuela. Como vê esse conflito? Já pensou em contribuir com o processo venezuelano com alguma iniciativa parecida?
FB: Estive em Caracas em 2011 e mantive bom diálogo com Chávez. Todo processo revolucionário produz choques com as forças reacionárias, e a Igreja Católica na América hispânica não tem a tradição progressista da Igreja no Brasil.

ML: Como o senhor vê o projeto da direita neoliberal na América Latina hoje? Eles estão perdendo poder ou podem retomar pela via eleitoral ou golpes a controlar grande parte dos Estados?
FB: Há que ficar atento. O imperialismo não dorme no ponto. Vide Honduras e Paraguai. No entanto, as forças progressistas avançam na América Latina e no Caribe, graças a Deus!

ML: Como o senhor vê a pretensão de Aécio Neves ser candidato à presidência em 2014 e o que uma eventual vitória dele pode representar?
FB: Ninguém tira da Dilma a vitória na eleição de 2014.

ML: O senhor recentemente lançou um livro que passa pela história de Minas. Quais as marcas dessa história na nossa realidade atual?
FB: Lancei o romance "Minas do ouro" (Ed. Rocco), no qual descrevo cinco séculos da história de Minas Gerais - do 16 ao 20 - através da saga da família Arienim. Levei 13 anos pesquisando a história de Minas e trabalhando no texto. As marcas atuais dessa história despontam na capacidade de indignação do mineiro frente às injustiças e em sua capacidade criatividade, tanto na política quanto nas artes.

Oração macro-ecumênica pela saúde do presidente Chávez


Introdução:
Como uma grande corrente de solidariedade espiritual, nós nos reunimos nos mais diversos lugares da América Latina, como se todos estivéssemos em torno do leito do presidente Hugo Chávez para invocar sobre ele o espírito, ou seja, a energia de saúde, resistência e força física e espiritual para vencer esse momento difícil que ele atravessa. Cremos na força do amor solidário e queremos vivenciá-lo em nosso modo de ser e expressá-lo nessa oração. Ela é aberta às mais diversas tradições espirituais em uma comunhão de amorosidade que nos une com o universo e todos os seus elementos e nos leva a invocar o mistério mais profundo da vida que muitos chamam de Deus. Os que creem que Deus é amor sabem que Ele é o primeiro interessado na saúde das pessoas e que todos vivam bem. Então, nossa oração não é para insistir que ele intervenha e cure uma pessoa doente. Se Deus é amor e pai amoroso, só pode estar mais interessado do que nós na saúde e no pronto restabelecimento de uma pessoa doente. Nossa oração não visa então uma magia mecanicista ou milagrosa fora da realidade. O que nos reúne é o desejo de unir toda energia amorosa e solidária da qual somos capazes sobre o leito do nosso irmão doente, sobre os médicos que o assistem e aí sim acreditamos que essa corrente de paz e comunhão solidária seja alento, remédio e conforto para o presidente Chávez e para todas as comunidades e movimentos populares da América Latina, doentes junto com ele e necessitados de cura e de novo alento.
Coloquemo-nos de pé e em um momento de silêncio, tomemos consciência da terra em que pisamos. Entremos em comunhão amorosa mais profunda com a mãe Terra. Se pudermos, tiremos sapatos e sandálias e com os pés descalços, sintamos a energia da mãe Terra que nos sustenta. Respiremos calma e profundamente para nos abrir a toda energia de vida do universo. Inspirando e expirando, nos enchamos de todo amor que sentimos em nós. Que esse amor venha até nossa pele e possa ser a energia mais forte que expressamos nesse momento.
Com as comunidades judaicas e cristãs do mundo inteiro, cantemos ou oremos juntos uma palavra do salmo 104 que com o tempo se tornou um refrão muito usado pelas comunidades:
Envia teu Espírito, Senhor
E renova a face da terra! (bis).
Com as comunidades de todas as religiões do Oriente que invocam a Deus com os mais diferentes nomes como Brahma, Vishnu e Shiva, invoquemos a força curadora do vento, sinal do Espírito, sobre o presidente Chávez e sobre todos os que o assistem nesse momento.
Envia teu Espírito, Senhor
E renova a face da terra!  
Com as comunidades e grupos das diversas tradições budistas, invocamos a iluminação que está em todos nós e reverenciamos a solidariedade universal como espirito de compaixão do Buda como força curadora da água, mãe da vida e restauradora de saúde e de paz.
(Aqui, se o grupo quiser, pode fazer passar por todos os participantes um jarro de agua que possa passar de mão em mão. As pessoas tocam na água e cantam ou oram).
Envia teu Espírito, Senhor
E renova a face da terra!  
Unamo-nos às comunidades e grupos de tradição muçulmana. Em nome de Alá, o misericordioso, invoquemos a misericórdia benevolente manifestada na vida para que ela atue agora como energia de cura e de vida nova.
Envia teu Espírito, Senhor
E renova a face da terra!  
Unamo-nos agora a todas as comunidades de tradição afro-descendentes e indígenas na bênção do fogo sagrado que seja fogo que queime toda doença e restaure o calor da vida e da força interior e física para o nosso querido líder e para todos os que hoje estão necessitados dessa energia.
(Acende-se o fogo ou em uma pequena fogueira no meio do grupo, ou em uma vela que pode passar também de mão em mão).
Envia teu Espírito, Senhor
E renova a face da terra!  
Vem, vem, Espírito de amor, nós te invocamos como médico da vida, luz de saúde, alívio e conforto em toda dor, vem sobre o irmão comandante Chávez e sobre todas as pessoas que no mundo inteiro estão sofrendo no corpo ou no espírito. Traz a tua força restauradora da saúde e nos alimenta na comunhão e na solidariedade que o sistema desse mundo nunca poderá vencer. Na véspera de sua partida, Jesus disse aos discípulos: “Filhinhos, no mundo, vocês sempre terão aflições, mas tenham coragem. Eu venci o mundo” (Jo 16, 33). Que essa palavra se realize hoje em nós e no presidente Chávez.
Cristãos e crentes de todas as tradições espirituais oremos em um momento de silêncio e se alguém quiser livremente dizer uma breve oração em sua forma própria de orar, pode com toda liberdade e nós todos nos associaremos ao jeito de cada um.
Depois de um momento de silêncio e das possíveis intervenções, se o grupo quiser, pode concluir com a oração pausada e meditativa (todos de mãos dadas) do Pai Nosso que, embora seja cristã, tem um espírito universal.
No final, o/a coordenador/a convida todos a encerrarem esse momento de prece com o abraço da paz e da solidariedade.
E podem ainda encerrar com um cântico da caminhada conhecido e cantado por todos.   

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Trilhando novos caminhos: um jeito maneiro de iniciar o ano.


*Paulo Matoso

Falando pontualmente de Campo Grande, que é a cidade que me acolheu há 17 anos. Campo Grande é uma cidade linda e na medida em que o tempo vai passando fica mais bela ainda. Não nasci aqui! Nasci na fronteira onde um tempo, o Brasil foi Paraguai.

Final de ano é um momento de realizar balanços. Já no início, começamos a fazer projetos e pensar nas mudanças que pretendemos fazer na nossa vida. Tem pessoas que até podem dizer que estamos falando de expectativa e que entre a expectativa e a possibilidade de concretização há uma distancia muito grande. É verdade, mas é verdade também que essa visão contrária é uma estratégia do cérebro humano para a motivação, que, cientificamente falando, chama-se de "viés otimista". E nesse sentido, proponho que coloquemos mais otimismo no nosso cotidiano.

Analisando o Relatório da reunião da equipe pedagógica e de comunicação nacional, realizada de 08 a 10 de janeiro de 2013, em Porto Alegre, o Relatório da reunião de 6 de novembro de 2012 e a Carta do I Encontro Nacional da Juventude RECID, optei por colocar mais otimismo nesta situação de um Projeto de Teatro do Oprimido na Rede de Educação Cidadã, numa parceria com o CTO-Rio. Os espiritualistas afirmam que iniciar qualquer projeto acreditando que dará certo, já possuem grandes possibilidades da idéia se concretizar. 

Diante disso, da minha experiência de quase quinze anos em TO, sendo destes, cinco facilitando oficinas de Teatro do Oprimido pela Recid e do balanço que faço desta expectativa, proponho a equipe de coordenação do I Encontro Nacional da Juventude, que convide para facilitar a Oficina de Teatro do Oprimido no Encontro, um/a Coringa do Centro de Teatro do Oprimido, como forma de abrir este processo de parceria.

Não sei se tenho razão para pensar assim? Na verdade, qual a razão disso agora? Sei lá, talvez a possibilidade de pensar desta forma, me faz ter menor tendência a desenvolver depressão, estresse e pressão alta. Além do mais, o otimismo aumenta a minha autoestima e facilita meus relacionamentos. Outro fator que me faz ter esta postura é que o mundo vai ter a cor que eu mesmo escolher. Estou pensando e escolhendo isso!

Quero ser feliz. Que assim seja!

*Paulo Matoso é Educador Popular pela RECID- MS e faz parte da Comissão Nacional da RECID representando o Centro Oeste.

RODA DE CONVERSA – POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL EM GOIÂNIA


ASSUNTO: CONVITE PARA A RODA DE CONVERSA – POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL EM GOIÂNIA

                             CONVIDAMOS todas as entidades do Movimento Negro, Direitos Humanos, Grupos de Estudos e Pesquisas da História e Cultura Negra, Comunidades Tradicionais, indígenas, ciganos, artistas negros/negros e militantes da causa étnico racial, para participarem da roda de conversa com a temática: PolíticasPúblicas de Promoção da Igualdade Racial na cidade de Goiânia
                   A atividade será no dia 17/01/2013, das 15h ás 18h, nas dependências do Museu Antropológico da UFG, situado na Av. Universitária n° 1166 Setor Universitário, Goiânia. 
                    Contando sempre com a vossa colaboração, desde já, agradecemos.  

 Atenciosamente,


Ana Rita Marcelo de Castro
Secretária da Secretaria Municipal de Políticas Para a Promoção da Igualdade Racial

Pastoral da Juventude realizará Seminário sobre a Campanha Nacional contra a violência e o extermínio de jovens


“Vamos juntos gritar, girar o mundo.

Chega de violência e extermínio de jovens!”


A ciranda pela defesa da vida da juventude teima em dar novos passos. A voz profética de jovens que denunciam a realidade de violência não pára de ecoar. 

É a Campanha Nacional contra a violência e o extermínio de jovens fortalecendo sua ação e avançando para águas mais profundas.

Realizada desde 2009 pelas Pastorais da Juventude, a Campanha levou à sociedade o debate sobre as diversas formas de violência contra a juventude, especialmente o extermínio, bem como ao longo dos anos, pressionou o poder público para o enfrentamento da mortalidade juvenil por meio da garantia dos direitos da juventude.  

Importante também ressaltar o engajamento de diversas organizações (eclesiais e da sociedade civil), assim como de um grande número de grupos juvenis na construção da Campanha até agora. Nessa articulação uma grande parceria sempre foi a Conferência dos/as Religiosos/as do Brasil (CRB Nacional), envolvendo a vida religiosa na pauta sobre a vida da juventude.

Entretanto, a situação de extrema vulnerabilidade e violência ainda está presente na imensa maioria dos jovens brasileiros/as, com ênfase entre a juventude empobrecida. A firme atuação de todos ossegmentos da sociedade civil e do poder público para garantir o direito dos jovens à vida digna e ao seu pleno desenvolvimento deve ser cada vez mais fortalecida.

Deste modo, a ação de conscientização e mobilização da Campanha Nacional contra a violência o extermínio de jovens dá novo passo. Para darmos início a esta nova etapa da Campanha, a Pastoral da Juventude (PJ), em parceria com a CRB Nacional, com o apoio da Porticus América Latina e de outras organizações que ainda estão sendo contatadas, realizará, de 3 a 5 de maio de 2013, em Brasília/DF, o Seminário Nacional da Campanha contra a violência e o extermínio de jovens, tendo como objetivo desencadear novas ações articuladas com organizações envolvidas na defesa da vida da juventude. 

É necessário denunciar o avanço da violência e propor saídas para esta realidade como a ampliação dos direitos humanos e valorização dos marcos da cidadania. O engajamento e fortalecimento dos grupos de jovens para a Campanha Nacional, bem como a capacitação técnica das representações de jovens dos regionais da CNBB, também serão pontos prioritários do Seminário. 

Para saber mais sobre o Seminário Nacional, entre em contato com o jovem Coordenador Nacional da Pastoral da Juventude (CNPJ) e/ou o jovem referência do projeto “A Juventude quer viver” do seu regional. Acompanhe também pelas redes sociais da PJ o lançamento, quinzenal, de novos temas norteadores da Campanha. Qualquer dúvida entre em contato conosco. O e-mail da secretaria nacional (secretarianacional@pj.org.br) também está disponível para mais informações.


Vamos lá turma! Vamos girar o mundo e continuar afirmando nossa luta pela vida da juventude! A juventude quer viver!

Cleber Folgado: os desafios da campanha contra os agrotóxicos


Por Cleber Folgado
Para o Brasil de Fato
Desde 2008, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. As quantidades jogadas nas lavouras equivalem a cerca de 5,2 litros de veneno por habitante ao ano e, no entanto, o Brasil representa apenas 5% da área agrícola entre os 20 maiores países produtores agrícolas do mundo; ou seja, nossa produtividade não justifica nossa posição de “liderança” no ranking de uso de venenos.
Essa quantidade absurda de venenos não se deu de forma natural. Ao contrário, é resultado de um processo de imposição que surge com o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os restos de armas químicas utilizados na guerra foram adaptados para a agricultura com o objetivo principal de resolver o problema das empresas que ficariam com seus estoques e complexos industriais obsoletos com o fim da guerra. Esse processo, ocorrido em nível mundial, ficou conhecido como Revolução Verde.
No Brasil, para que esse processo fosse efetivado, teve papel determinante a criação do Sistema Nacional de Crédito Rural, em 1965, que vinculava a obtenção de crédito agrícola à obrigatoriedade da compra de insumos químicos pelos agricultores. Outro elemento chave foi a criação do II Programa Nacional de Desenvolvimento em 1975, que por sua vez disponibilizou recursos financeiros para a criação de empresas nacionais produtoras de agrotóxicos, bem como a instalação de subsidiárias de empresas transnacionais de insumos agrícolas.
Além disso, é importante lembrar que até 1989 – quando foi aprovada a lei 7.802 – tínhamos no país um marco regulatório defasado, o que facilitou o registro de centenas de substâncias tóxicas, muitas das quais já proibidas em outros países.
O uso de agrotóxicos causa um desequilíbrio ambiental que torna os agricultores e camponeses vítimas de um ciclo vicioso, em que a cada dia as “pragas” geradas pelo próprio uso de agrotóxicos exigem que sejam feitas aplicações com mais frequência, e com maiores doses.
Pronaf
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) é mais um exemplo de como o sistema de crédito agrícola está submisso ao pacote tecnológico, pois para que os agricultores acessem linhas de crédito para custeio e investimento no sistema produtivo, é preciso apresentar as notas de comprovação das compras de agrotóxicos, bem como outros insumos, sob o risco de não ter os recursos liberados pelo banco. Este processo fez com que o uso de venenos agrícolas fosse imposto aos pequenos agricultores. Ainda que existam linhas de crédito do Pronaf destinadas a uma produção sem veneno, em geral a burocracia para a liberação destes recursos é enorme, bem como é pequena a quantidade de recursos disponíveis.
No entanto, a grande quantidade de agrotóxicos utilizada no país é resultado das plantações do agronegócio, que é dependente do uso de venenos, já que não se pode garantir a produção de monocultivos sem a aplicação destes produtos. Segundo dados do ultimo Censo Agropecuário do IBGE, 30% das pequenas propriedades declararam usar agrotóxicos, enquanto que 70% das grandes propriedades adotam esta prática.
O aumento do uso de agrotóxicos no Brasil é reflexo direto da prioridade que o governo deu ao modelo de agricultura adotado pelo agronegócio, que tem a produção monocultora voltada para a exportação com base nas grandes propriedades, com utilização de maquinários pesados que degradam o meio ambiente, e com uso intensivo de agrotóxicos. Essa forma de produzir, ao longo dos anos, tem gerado sérios problemas no campo brasileiro: um dos principais é a contaminação das pessoas e do meio ambiente.
O crescimento desenfreado de uso de agrotóxicos no Brasil aumentou, principalmente, no período de liberação das sementes de variedades transgênicas, pois a maioria destas sementes é adaptada para utilização de algum tipo de agrotóxico. Segundo dados do IBGE e do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), entre 2004 e 2008 o crescimento da área cultivada no país foi de 4,59%, enquanto que no mesmo período o crescimento das quantidades de agrotóxicos vendidas foi de 44,6% – um aumento de quase dez vezes.
Saúde
Um relatório apresentado pela Subcomissão Especial Sobre o Uso de Agrotóxicos e Suas Consequências à Saúde, instalada pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, afirma que os agrotóxicos representam um conjunto de problemas que afetam diretamente toda a população brasileira, apresentando vários dados que comprovam os problemas na saúde e no meio ambiente.
De acordo com o documento, 11,2 milhões de pessoas vivem em insegurança alimentar grave e reportaram alguma experiência de fome, e outros 14,3 milhões de brasileiros estão sofrendo insegurança alimentar moderada, quando há limitação de acesso quantitativo aos alimentos. Assim, 25,5 milhões de pessoas no nosso país vivem sob risco alimentar de moderado a grave.
De acordo com dados disponibilizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) à Subcomissão, o crescimento do consumo de agrotóxicos no mundo aumentou quase 100%, entre os anos de 2000 e 2009. No Brasil, a taxa de crescimento atingiu quase 200%, quando considerado o montante de recursos despendidos.
As pressões exercidas sobre o governo por parte das empresas produtoras de agrotóxicos são enormes, em especial sobre os órgãos de regulação. Este processo vem acompanhado com constantes propostas de flexibilização da legislação existente, principalmente no que diz respeito à liberação de novos registros de agrotóxicos.
Atualmente existem 2.195 produtos registrados no Brasil, mas só 900 são comercializados. Os registros são de titularidade de 136 empresas diferentes. São cerca de 430 ingredientes ativos registrados. A comercialização desses produtos no país movimentou recursos da ordem de 7,3 bilhões de dólares, somente no ano de 2009. Frente a estes números, podemos compreender com facilidade o porquê de tanta pressão.
Como forma de enfrentar este quadro, no início de 2012 a presidenta Dilma se comprometeu com a constituição de um Grupo de Trabalho Interministerial que teria a tarefa de elaborar um Plano Nacional de Enfrentamento ao Uso dos Agrotóxicos. Infelizmente, esse grupo teve apenas uma reunião, ainda no primeiro semestre, e não mais se reuniu.
Governo
A posição do governo frente à questão dos agrotóxicos tem sido bastante frouxa, principalmente se consideramos a dimensão que o problema atinge. A única medida contundente em relação aos agrotóxicos acaba de ser derrotada: em julho de 2012, havia sido publicada no Diário Oficial da União (DOU) uma medida cautelar do Ibama que determinava uma série de condições para a aplicação aérea de agrotóxicos, e proibia o uso dos ingredientes ativos Imidacloprido, Fipronil, Tiametoxan e Clotianidina.
Segundo dados do Ibama, os quatro princípios ativos correspondem a 10% do consumo brasileiro de defensivos, ou quase 7 mil toneladas de um total de 74 mil toneladas em 2011. Infelizmente, o governo cedeu frente às pressões exercidas pelo agronegócio (principalmente os setores organizados na CNA), e em 3 de outubro de 2012 publicou um ato conjunto do Ministério da Agricultura e do Ibama autorizando, em caráter temporário, o uso de produtos agrotóxicos que contenham Imidacloprido, Tiametoxan e Clotianidina para arroz, cana-de-açúcar, soja e trigo até o dia 30 de junho de 2013, obedecendo a períodos específicos de aplicação por região e por cultura.
No dia 17 de dezembro de 2012, o Ministério da Agricultura apresentou uma proposta de regulação para as aplicações aéreas de produtos agrotóxicos que contêm Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil para as culturas de algodão e de soja.Tal proposta teria sido construída entre Ibama e Ministério da Agricultura e, segundo o jornal Valor Econômico, a regulamentação será publicada em breve no DOU por meio de uma Instrução Normativa (IN).
Este não é o único caso que explicita a conivência do governo federal com as exigências feitas pelo agronegócio. Em novembro de 2012, vimos o gerente geral de Toxicologia da Anvisa, Luiz Claudio Meireles, ser exonerado por ter denunciado um esquema de corrupção existente dentro do órgão, que facilitava o registro de agrotóxicos para algumas empresas.
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida – composta por mais de 60 entidades nacionais, entre elas Via Campesina, Contag, Fiocruz, Consea, Abrasco e Inca, entre outras – protocolou pedido de audiência com alguns ministérios e com o centro do governo para tratar do assunto, mas não foi recebida.
No Congresso Nacional, uma das principais investidas do agronegócio é representada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, que tem exigido a criação de uma Agência Nacional de Agrotóxicos, que passaria a ser responsável pela liberação do registro dos venenos. Hoje, essa atribuição é determinada pela Lei nº 7.802/89, que divide as responsabilidades entre Anvisa, Ibama e Ministério da Agricultura.
Ademais, as facilidades criadas no último período para a liberação de sementes transgênicas dependentes do uso de agrotóxicos também demonstram a clara opção do governo pelo agronegócio.
Apesar das contradições existentes, uma conquista importante no processo de construção de uma nova forma de produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos é a construção da Politica Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), fruto da luta das organizações e da sociedade civil organizada que ao longo dos anos vem exigindo e apontando alternativas frente ao modelo hegemônico de agricultura.
No entanto, é importante destacar que a Pnapo é insuficiente, pois não tem condições de garantir um processo massivo de transição para a agroecologia e, além disso, se torna frágil na medida em que não existe uma política nacional de enfrentamento ao uso de agrotóxicos, uma vez que as propriedades que adotarem uma forma de produção sem venenos estarão suscetíveis a possíveis contaminações de agrotóxicos utilizados em outras propriedades próximas. A legislação existente, que poderia proteger as áreas de produção orgânicas e agroecológicas, é fraca e constantemente desrespeitada.
Nos últimos anos, embora a sociedade tenha emitido claros sinais de que aumentou sua percepção em relação aos problemas gerados pelos agrotóxicos, as iniciativas do governo e dos aliados do agronegócio no Congresso Nacional têm andado na contramão. Os próximos anos serão de muita luta nesse campo; há, por exemplo, vários projetos de lei tramitando, e pouquíssimos deles objetivam diminuir ou controlar o uso abusivo de agrotóxicos. Pelo contrário, a maioria propõe a flexibilização da lei de agrotóxicos.
Em 2013, esperamos que a sociedade possa se organizar cada vez mais para enfrentar as disputas que virão em relação a este tema; afinal, não podemos deixar que o país se torne uma lixeira tóxica mundial.